Liquiçá & APJB

Nas cidades a vida é mais pequena

Que aqui na [nossa escola]  a meio deste outeiro.

Na cidade as grandes casas prendem a vista à chave,

Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,

Tornam-nos pequenos porque nos tiram todo o tamanho para podermos olhar

E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é [aprender].1

 

Como as palavras do Mestre (Alberto Caeiro) se tornam tão claras perante a realidade que presenciámos em Liquiçá. Contudo, a partilha é sempre enriquecedora e o conhecimento de outras realidades enriquece-nos.

Foi o que fizemos através de uma videochamada para apresentação dos alunos em Timor e os alunos do clube Ubuntu, da Pintor José de Brito, com a Biblioteca Escolar. Percebemos, com esta experiência que, quando a vontade de aprender impera, as condições em que a aprendizagem acontece são de somenos importância!

Deliciarmo-nos com os desenhos feitos pelos alunos de Liquiçá foi um privilégio. E tão grande que ficámos de olhar de todo o céu e coração cheio. Sensações e emoções que se entrelaçaram e que cresceram, quando nos apercebemos da realidade em que estas crianças aprendem.

Desta troca de experiências entre Timor e a Pintor resultou uma a avaliação que evidenciava o aprender como fonte de saber e de alegria. Avaliação que nos levou a refletir como com tão pouco se faz tanto… e repensar em que reside, efetivamente, a vontade de aprender! Pois bons recursos económicos, condições para a aprendizagem, regalias sociais não sendo indispensáveis, quiçá, ajudem, quiçá, importantes, quiçá, necessárias, sem serem, quiçá, imprescindíveis, em Liquiçá!

 

1Alberto Caeiro, O Guardado de Rebanhos, poema VII (c/ adaptações)

 

Ana Ribeiro, Marilene Esteves, Isilda Silva