Poesias Completas, Alexandre O'Neill

19-01-2013 10:16

  

«[…] Noutra aparentemente diversa circunstância, quanta merecida e salutar bofetada nos dá O’Neill. Ir, ao contrário, buscar saúde à linguagem doente, no sarcasmo e no jogo, no sem cerimónia e no impuro; e a meio, dizer serenamente algumas verdades decisivas, algumas emblemáticas: que o medo "tudo vai ter" ou o "remorso de todos nós". Mallarmé, — "a tristeza é que não há por lustro um", decerto sob o lustre - não se limitava, não se limita para nós, a reduzir o pobre mundo nosso às sobras do poema; diz-nos antes que a poesia pode e deve atravessar a realidade toda, até ao singular e insigificante, e ao impossível que lhe resiste, tipo mosca Albertina. Tornar-se livro o mundo, é tornar-se mundo o livro, e ainda, não coincidirem nunca. Com perdão das maiúsculas: dessa exigência, ética, Alexandre O’Neill é exemplo, que não segue só quem o imita".»
António Franco Alexandre in A Phala, n.º 88  (Wook)

 

 

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